Como entretenimento escapista Bling Ring são 90 minutos de investimento com um bom retorno. O problema é que há muito mais ali do que a câmera retrata. Se em seus dois primeiros filmes Virgens Suicidas e Encontros e Desencontros, Sofia Coppola se mostrava sensível e interessante, nos remetendo ao DNA do pai, nos filmes posteriores tal frescor não mais apareceu. Assim como o artigo da Vanity Fair, que deu origem ao filme, The Suspect Wore Louboutins, escrita por Nancy Jo Sales, o filme apenas relata o fato, quase que jornalisticamente. Não se pode reclamar que a história foi mal contada. Falta é refletir sobre a conduta de uma molecada até abastada, que encontra na Louis Vuitton, Dior e na Chanel a fuga para as lacunas emocionais próprias da juventude.
Quem rouba a câmera pra si é Emma Watson, que a cada dia se afasta do rótulo da bruxinha infanto-juvenil Hermione. Sua personagem é a síntese dessa juventude fútil e, Sofia Coppola a utiliza de forma consistente, sobretudo no último ato. A melhor cena do longa é dela concedendo entrevista a repórter da Vanity Fair, na a personagem está acompanhada de uma assessora de imprensa, um advogado e ainda briga com a mãe por maior espaço durante a reportagem. Claro que ela não esquece de fazer o marketing - http://nickimooreforever.com/
No fundo, todo jovem deseja ser notado, em Beverly Hills ou na Rocinha. Mas convenhamos, o efeito é bem melhor com um vestido de Jean Paul Gaultier ou um terno Giorgio Armani. Uma pena que Sofia Coppola não tenha percebido que tanto a patricinha da zona sul quanto a funkeira da periferia querem a mesma coisa - ter em casa o mesmo closet da Paris Hilton. Ninguém consegue me explicar é o por quê dessa sandice?
Bling Ring: A Gangue de Hollywood (Bling Ring - 2013)
Direção: Sofia Coppola
http://www.imdb.com/title/tt2132285/
Gilvan Marçal - gilvan@gmail.com
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