É instigante ver filmes em que você não sabe se aquilo que está na tela faz parte, realmente, da história ou é apenas algum devaneio no cérebro de um dos personagens. É inevitável que venha a memória o excelente A Origem, cuja comparação e os debates sobre o longa Em Transe sempre colocarão ambas obras na mesma prateleira. Qual é o melhor? Não interessa. O interessante é assistir os dois e discutir: o que acontece na mente humana pode render bons filmes, não é?
É impressionante a elegância estética que o diretor Danny Boyle consegue impor em suas obras. A fotografia exuberante, o dinamismo moderno na montagem, trilha sonora eficiente e que contextualiza sonoramente uma determinada cena. Ela consegue contar boas histórias e ainda exibir um agradável show visual em seus filmes.
Claro que a maluquice hipnótica de Em Transe não é de fácil degustação. Montar as peças do quebra-cabeça proposto pelo roteiro é delicioso, mas nem todos espectadores estão interessados nesses "filmes difíceis". O único probleminha do longa é sua conclusão, que apesar de chocante, pode soar previsível para os cinéfilos mais escolados. Isso não diminui a obra, contudo, na hora da comparação de mesa de bar, o final de A Origem, vai levar alguma vantagem. Mas essa é uma visão minha, que aprecio finais abertos, em que o espectador define a conclusão da história.
Em Transe cumpre muito bem seu objetivo, que é hipnotizar o espectador por mais de 100 minutos. O mais legal é que muitos deles vão desejar ser hipnotizados novamente, talvez para remontar peças perdidas desse quadro, ou melhor, obra de arte do cinema.
Em Transe (Trance - 2013)
Direção: Danny Boyle
http://www.imdb.com/title/tt1924429/
Gilvan Marçal - gilvan@gmail.com
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