O Som ao Redor

O diretor e crítico de cinema pernambucano, Kleber Mendonça Filho, sempre teve o nome comentado entre os cinéfilos, sobretudo em função dos ótimos curtas-metragens que ele produziu até chegar a seu primeiro longa, O Som ao Redor. O cinema desse pernambucano "porreta" olha para a vida e mostra ao espectador, sem o glamour estético típico do cinemão hollywoodiano, o cotidiano como ele é.

O cara tem um emprego de merda, numa vida de merda, namora um uma menina um tanto sem sal e anda em círculos tentando encontrar uma saída, mas não faz tanto esforço para chegar lá. Já a dona de casa, vive uma vida igualmente pacata, na qual a rotina de dona do lar, mãe e esposa, só consegue ser atenuada com algumas seções de maconha e orgasmos usando a centrifuga da lavadora como vibrador.  O Som ao Redor é um divertido e estranho filme sobre as prisões que criamos para nós mesmos.

Particularmente, fiquei impressionado com uma sequência na qual mostra a gentileza da direção de Kleber, que durante uma cena de conversa ao telefone, ele deixa de filmar o óbvio, aquilo que está no manual cinematográfico "como filmar uma cena de conversa ao telefone", e traça um panorama visual do contraste social de Recife, cuja reflexão é fundamental para a narrativa. Simples, singelo e perfeito para ilustrar as idéias do roteiro.

Talvez O Som ao Redor não seja visto como um filmaço por parte dos espectadores, e na verdade é, mas certamente é um passo consistente na carreira de Kleber. Perceba a forma inteligente que o longa debate a paranoia social sobre a segurança, e a maneira tola e, até previsível, como a trama é encerrada. Não é o roteiro que é previsível, mas a classe média é que não quer ver a armadilha que está criando para si. Um bom filme brasileiro que precisa ser visto, e se serve como elogio, me fez lembrar o meu idolatrado Magnólia.



O Som ao Redor (2012)
Direção:  Kleber Mendonça Filho
http://www.imdb.com/title/tt2190367/

http://www.osomaoredor.com.br/

Gilvan Marçal - gilvan@gmail.com
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