A escolha do preto e branco já dá todo um charme especial para o longa, retratando com elegância e sutileza os cenários das décadas de 1940 e 1950. Destaca-se a equipe de designer de produção e figurino. Mas é óbvio que o centroavante do filme é Rodrigo Santoro, que mostra de maneira brilhante os dois Helenos, da fama ao manicômio. Tenho uma certa resistência a Alinne Moraes, mas seu desempenho não compromete. Fiquei muito feliz com a grande e importante participação de Maurício Tizumba, como enfermeiro de Heleno.
O que me chamou bastante atenção foi o roteiro focar mais no Heleno fora de campo, na pessoa controversa e explosiva que ele era, e não cair na armadilha fácil de mostrar apenas o jogador de futebol. Ele foi o primeiro superstar brasileiro do futebol e, já naquele tempo, fama e dinheiro culminavam em excessos. Carros, mulheres e drogas. Nada mudou muito de lá pra cá. Opa, me engano. Mudou sim. Hoje eles jogam muitos menos. Heleno de Freitas era um jogador tão incrível que até o espetacular Gabriel García Márquez, naquela época um mero cronista jornalístico, já se rendia ao talento inigualável de Heleno.
Há quem diga que, se tivéssemos o Heleno de Freitas na Copa de 1950, teríamos sido campeões. Mas que técnico ia querer um centroavante que aponta uma arma contra ele só por que o sujeito ficou irritado em ficar na reserva? Esse era Heleno de Freitas, genial e genioso. Ainda que tarde teve o reconhecimento devido nessa que é uma das melhores cinebiografias já realizada na história do cinema brasileiro.

Heleno (2011)
Direção: José Henrique Fonseca
http://www.imdb.com/title/tt1720114/
Gilvan Marçal - gilvan@gmail.com
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